Categoria bancária é uma das que mais apresentam doenças mentais relacionadas ao trabalho
No primeiro mês do ano é realizada a campanha “Janeiro Branco”, com objetivo de promover reflexão sobre a saúde mental. A categoria bancária é uma das que vem enfrentando mais problemas de saúde mental relacionados diretamente ao trabalho. Por isso se faz necessário trazer a saúde mental e formas de prevenção dos problemas vivenciados por muitos bancários e bancárias para o centro dos debates.
O que fazer pela saúde mental?
Em 2025 o tema da campanha é “O que fazer pela saúde mental agora e sempre?”. Ele levanta a discussão de que é preciso trabalhar diversas ações e de forma constante, em todos os meses do ano. Essa compreensão implica reconhecer que “saúde mental” é um conceito que vai além da presença ou da ausência de transtornos mentais clássicos: abrange a qualidade das relações interpessoais, a sensação de segurança e pertencimento, e a capacidade de lidar com os desafios cotidianos de forma equilibrada.
Trabalho bancário X Saúde mental
Dados da pesquisa “Avaliação dos Modelos de Gestão e das Patologias do Trabalho Bancário”, realizada pela Secretaria de Saúde do Trabalhador da Contraf-CUT, em colaboração com pesquisadores do Instituto de Psicologia da Universidade de Brasília (UNB) em 2024, revelam que, entre muitos elementos impactantes, os que mais chamam atenção é que cerca de 80% dos trabalhadores do ramo financeiro declaram ter tido pelo menos um problema de saúde relacionado ao trabalho no último ano. Deles, quase metade está em acompanhamento psiquiátrico. O principal motivo declarado para buscar tratamento médico foi o trabalho. Entre os que estão em acompanhamento psiquiátrico, 91,5% estão utilizando medicações prescritas pelo psiquiatra, um percentual que cai para 64,4% entre os que estão em outros tipos de acompanhamentos médicos.
Ainda segundo a pesquisa, o atual modelo não apenas dita as condições laborais, mas também é identificado como uma fonte substancial de psicopatologias, que potencialmente distorcem a subjetividade e os laços sociais dos funcionários, o que resulta em sintomas de adoecimento e agravos à saúde mental.
O diretor de Saúde, Deusdeth Amorim, faz uma análise desses dados. “Os resultados da pesquisa traduzem algumas ‘políticas institucionais de gestão dos bancos’ que lutamos contra regularmente, tais como pressão por metas, gestão de intimidação e constante ameaça de desemprego, assédio moral e sexual, sobrecarga, piora das condições de trabalho, entre outros. Acompanhando a categoria de perto podemos observar que geralmente um ou mais fatores mencionados são as causas e/ou contribuem para que a categoria bancária figure como uma das mais doentes com relação direta ao trabalho e também tenha números alarmantes de afastamentos das atividades laborais”, explica.
O estudo, que contou com a participação de 5.803 bancários em todo o Brasil, revelou a presença intensa de fatores de risco do trabalho bancário, bem como uma alta ocorrência de sintomas de adoecimento entre os trabalhadores. Deusdeth chama atenção para a prevenção. “Precisamos focar em proporcionar meios de tratamento para quem já se encontra adoecido, mas, de igual maneira, devemos trabalhar para implementar medidas preventivas e intervenções efetivas que assegurem um ambiente de trabalho saudável e seguro para todos”.
Avanço na Campanha 2024
Os bancos sempre trataram o assédio moral como “conflitos no local de trabalho”, inclusive esse era o nome da cláusula que instituiu o instrumento de combate ao assédio. Era uma forma de afirmar que o problema é do gestor com o subordinado, e não algo institucionalizado na empresa. Durante as discussões da Campanha Nacional 2024 o Comando Nacional conseguiu finalmente a mudança do nome da cláusula para “mecanismo de combate ao assédio moral e sexual e outras violências relacionadas ao trabalho”.
“Entre outras conquistas, podemos considerar essa como um avanço, pois sabemos que o assédio é pensado para figurar em todas as atividades do bancário de forma a exercer grande controle sobre os empregados e assegurar lucros astronômicos. Isso resulta em ‘incentivos’ para bater metas absurdas e entregar resultados, causando, na verdade, pressão e sobrecarga”, destaca o diretor de Saúde.
Procure o Sindicato!
A saúde mental é muito importante e o trabalho é um direito para o ser humano e que, além de remuneração adequada, deve proporcionar qualidade de vida, benefícios relacionados à socialização e pertencimento, entre outros. Não normalize trabalhar adoecido.
Procure o Sindicato (pelo site, redes sociais, WhatsApp). Você será acolhido e receberá orientações necessárias.
Informações:
https://janeirobranco.org.br/o-que-fazer-pela-saude-mental-agora-e-sempre/