29º Grito dos Excluídos e das Excluídas: Você tem fome e sede de quê?

 

Nesta quinta-feira (7) comemora-se a Independência do Brasil, contudo mais do que aproveitar o feriado prolongado o Sindicato dos Bancários de Ipatinga se junta às pastorais sociais da Igreja Católica, movimentos populares e outros sindicatos e lideranças da região para realizar o 29º Grito dos Excluídos e das Excluídas. O Grito é uma atividade expressiva organizada pela Igreja (CNBB), pastorais sociais, movimentos sociais, sindicatos e organismos comprometidos na luta em defesa da vida. Desde seus primórdios traz como tema único “A vida em primeiro lugar!” e cada ano é discutido um lema de acordo com os debates sociais e políticos do momento.

Este ano o responsável pelo evento na região é o Pe. Marco José, da Paróquia Nossa Senhora da Aparecida (bairro Iguaçu). Segundo o pároco o Grito dos Excluídos “é uma denúncia para que reflitamos no dia da Pátria se nós somos independentes mesmo”.

“Você tem fome e sede de quê?” é a pergunta que marca o Grito deste ano. De acordo com o Pe. Marco, além de fazer referência à Campanha da Fraternidade 2023 (cujo lema é “Dai-lhes vós mesmos de comer” - Mt 14, 16) essa escolha é o reconhecimento de que temos mais de 30 milhões de pessoas passando fome, em situação vulnerável no país. “Nós sabemos que existem várias ameaças à vida. Vivemos em uma sociedade pós-moderna do descartável, do imediatismo, do consumismo, e tudo isso vai nos tornando indiferentes uns aos outros”, destaca.

Para o Pe. Marco José é essa indiferença que precisamos trabalhar, ou seja, a sensibilidade para com as causas que ameaçam a vida. “Nós trazemos, por exemplo, como uma das bandeiras que podem ser levantadas aqui na nossa região, a questão da municipalização do ensino, da privatização da água e tantas outras questões que estão ameaçando a vida de todos nós. A pergunta que eu creio que deveria ficar para cada um de nós é: que Ipatinga eu deixarei para quem vem depois de mim?”.

Bandeiras defendidas no Grito

Neste sentido ele afirma que é fundamental a participação dos trabalhadores. “Ali vai ser um espaço de reivindicação, de mostrar o seu valor e defender o seu direito como trabalhador. Nada melhor do que se unir à Igreja e às outras instituições nesse dia para podermos juntos dizer que não somos favoráveis ao sistema que degrada, mata, oprime e exclui. Então, esse sistema não corresponde a uma vida digna para o ser humano”, acrescenta o Pe. Marco José.

Para fazer a defesa desse Brasil onde a política e a economia estão a serviço da vida, o povo gritará neste 7 de setembro por:

- Políticas públicas: defesa do SUS, da educação pública, trabalho digno, transporte eficiente, lazer, cultura...

- Democracia e soberania: dar voz e respeitar a vontade popular;

- Fim de violências estruturais, patriarcado, racismo, machismo e outras formas de preconceito;

- Povos originários: luta pela demarcação dos territórios, contra o marco temporal, denunciando as violações cometidas contra os povos indígenas;

- Contra a desigualdade, por justiça social: apontar os impactos da desigualdade e construir um país mais justo, humano e igualitário.

 

O povo unido pode mudar a realidade do país

De acordo com o pároco, desde o primeiro Grito, que nasceu na 24ª Semana Social Brasileira (1993/1994), a proposta sempre foi desenvolver uma postura profética diante das situações de morte. “Às vezes ficamos omissos ou acovardados e acabamos tendo os nossos gritos abafados ou abafamos o grito do outro, então é uma oportunidade para gritar”.

O Pe. Marco José também cita a situação das pessoas que vivem à margem da sociedade, em Ipatinga são principalmente as pessoas em situação de rua e os que vivem o drama da drogadição. “Estas pessoas precisam ser vistas e elas não são vistas por nós ou nós as tornamos invisíveis para não nos comprometer e temos muitas outras situações que também gritam aos céus por socorro, por um olhar atento, pelo cuidado”. Segundo o pároco, trazer a figura do empobrecido para o centro, para que ele seja valorizado, é um pedido que o Papa Francisco tem feito desde o início do seu pontificado, em 2013, quando disse para tornar visível uma Igreja pobre com e para os pobres, próxima das pessoas em situações de sofrimento, precariedade, marginalização e exclusão.

Por isso, o Grito tem como objetivo tomar consciência das injustiças sociais e lutar para construir um país onde todos tenham seus direitos respeitados. Mas para fazer essa defesa, de acordo com o Pe. Marco José, é essencial a organização popular. “Precisamos dar as mãos, unir forças, porque eu sozinho, isolado, não vou ter os mesmos resultados que quando estamos unidos”.

 

PROGRAMAÇÃO DO DIA 07/09/2023: 

8h – Acolhida, café da manhã e animação, no bairro Ferroviários (em frente à Estação Ferroviária);

9h – Abertura oficial, convocação para caminhada, seguindo com falas temáticas, passando pelo bairro Ideal, com três paradas;

12h – Encerramento com o “gritaço”, na Praça em frente ao Espaço Cristão Católico (ECC) da Paróquia Nossa Senhora Aparecida (Rua Caetés, 495, Iguaçu), seguido de almoço partilhado.

A organização pede que os participantes levem caneca, prato e talher, para evitar o uso de descartável.

 



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