A Comissão de Organização dos Empregados (COE) do Itaú se reuniu com a direção do banco na última terça-feira (18) para tratar de teletrabalho, fechamento de agências e reestruturação. O encontro foi marcado por cobranças firmes da representação dos trabalhadores, que voltou a denunciar práticas abusivas, falta de transparência e impactos profundos sobre a saúde e a estabilidade dos bancários.
Segundo o diretor de Saúde e bancário do Itaú, Deusdeth Amorim, os lucros recordes do banco estão ancorados no trabalho comprometido dos bancários. “Esse ímpeto de competir com os bancos digitais não pode atropelar quem garante os números recordes do banco. As poucas agências restantes operam em clima de medo, insegurança e superlotação, gerando ineficiência no atendimento aos clientes, que também estão sendo diretamente prejudicados”, afirma.
Teletrabalho: práticas invasivas e compromisso por novas cláusulas
A COE entregou ao banco um ofício com os pontos que precisam ser melhorados e incorporados para garantir a proteção dos trabalhadores no teletrabalho. O documento reforça a necessidade de regras, respeito à privacidade, transparência e mecanismos formais de feedback que impeçam arbitrariedades — especialmente após as demissões motivadas por monitoramento excessivo em setembro.
Após a cobrança, o Itaú se comprometeu a construir, de forma conjunta com a COE, cláusulas específicas que assegurem proteção real aos bancários em regime remoto.
Fechamento de agências: sobrecarga, desassistência e falta de critérios
O banco confirmou o fechamento de 241 agências, restando ainda nove unidades em processo de encerramento. Do total de trabalhadores atingidos, 79% foram realocados — muitas vezes em condições inadequadas —, 3% pediram demissão devido à pressão e 18% foram desligados, número alarmante diante da alta lucratividade do Itaú.
A COE relatou inúmeros casos de unidades receptoras superlotadas, com estrutura incapaz de absorver o aumento de clientes e demandas. Em muitas delas, o acúmulo de funções se tornou insustentável, provocando sobrecarga física e emocional.
A falta de critérios no processo de fechamento e a ausência de diálogo com os sindicatos também foram criticadas. Para a COE, a população tem sido diretamente prejudicada — especialmente idosos, aposentados e moradores de regiões periféricas, que ficam desassistidos e com atendimento precarizado.
Avaliação dos realocados: opacidade e insegurança
Outro ponto de preocupação é o processo de avaliação dos trabalhadores realocados. A COE apontou que a falta de transparência abre espaço para subjetividade, insegurança e punições arbitrárias. Com mudanças intensas de rotina, metas e atribuições, trabalhadores vêm sendo submetidos a um ambiente de medo e incerteza.
O Itaú reconheceu que a organização interna passa por constante transformação e confirmou que seguirá fechando agências. Mencionou ainda reformas estruturais e negociações com o INSS para lidar com superlotações — medidas consideradas reativas e insuficientes pela COE.
Reestruturação até 2030: falta clareza e preparo
O banco informou que até 2030 passará a operar dividido em seis segmentos: Agro, Person, Média Renda, Massificado, Aposentados e Servidores. A COE questionou o impacto concreto dessas mudanças no cotidiano dos bancários, bem como as qualificações e treinamentos necessários. Hoje, há desinformação e metas incompatíveis com o novo modelo, o que tem ampliado o adoecimento e a rotatividade.
Responsabilidade social: discurso não condiz com a prática
Para a COE e os sindicatos, a postura do Itaú está distante do discurso público de responsabilidade social. O fechamento acelerado de agências, a redução de quadros, a sobrecarga e o adoecimento crescente revelam uma política de redução de custos a qualquer preço, impulsionada pela disputa com bancos digitais.
“As medidas tomadas pelo Itaú têm de ser discutidas antes com o movimento sindical, de forma que bancários não sejam prejudicados e nem a população; todos merecem respeito e dignidade, seja no trabalho ou no atendimento recebido. O Sindicato se mantém vigilante e está aberto aos bancários que sintam que seus direitos não estão sendo respeitados”, destaca. Deusdeth.
Banco apresenta dados do Banco de Horas e promete retomada do GERA
O Itaú apresentou os resultados da compensação semestral do Banco de Horas. A COE cobrou a retomada das reuniões do GERA, espaço essencial para corrigir distorções e proteger os trabalhadores. O banco se comprometeu a marcar nova rodada de discussão.





