Pesquisa da Fenae aponta aumento do adoecimento entre empregados da Caixa

Pressão por metas e risco de perda de função são os fatores que mais contribuem

A Fenae (Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa) divulgou na segunda-feira (29/09) resultados da pesquisa nacional para investigar riscos psicossociais e aspectos da organização do trabalho no banco que revelou quadro preocupante de adoecimento físico e mental entre empregados da Caixa. O levantamento, feito pela Acerte Pesquisa e Comunicação entre 27 de junho e 7 de julho de 2025, ouviu 3.820 empregados da ativa e aposentados.

Descomissionamento

• Mais de um terço dos bancários (32%) afirmou que se sente sob ameaça permanente de descomissionamento.

 Em empregados com idade entre 40 e 49 anos, o índice sobe para 45%.

 Dois em cada três empregados já vivenciaram diretamente o descomissionamento (como vítimas ou testemunhas).

Pressão por Vendas

 Pressão por vender produtos inadequados atinge 41% dos respondentes, chegando a 46% na rede de agências.

 Entre os mais jovens, até 39 anos, e o grupo de 40 a 49 anos, o índice combinado chega a 59%.

Adoecimento

 Pelo menos 37% dos empregados já receberam diagnóstico de problemas de saúde mental relacionados ao trabalho, com predominância para ansiedade, seguida de estresse, depressão, burnout, síndrome do pânico e transtorno de estresse pós-traumático (TEPT).

 Destes, 39% estão lotados nas agências e 30% na área meio.

 Mais da metade (61%) afirma não perceber apoio adequado à saúde mental por parte da Caixa. Nas agências, esse índice chega a 66%.

Medicalização e afastamento

 Estima-se entre 10% e 16% da população brasileira usa medicações psiquiátricas. Entre empregados da Caixa salta para 32%, chegando a 34% na rede de agências.

 As mulheres usam mais medicação do que os homens (39% contra 27%) e a faixa etária de 40 a 49 anos é a mais medicalizada (35%). 

 O estudo revela que 58% dos afastamentos na Caixa estão ligados à saúde mental. Quase 2 em cada 3 trabalhadores precisou ou precisará se afastar em razão de adoecimento psíquico.

 35% dos empregados já diagnosticados e medicados nunca se afastaram do trabalho.

 62,5% dos que nunca se afastaram fazem uso de medicação controlada.

Os resultados mostram uma dinâmica de adoecimento associada à ameaça constante de descomissionamento e à pressão para vender produtos não considerados úteis ou benéficos à população. Essa prática não apenas compromete a saúde dos trabalhadores, mas também a função social do banco.

De acordo com o presidente do Sindicato dos Bancários de Ipatinga e bancário da Caixa, Selim de Oliveira, esses números traduziram o que é perceptível nas agências. “A cultura organizacional que todos os bancos impõem é extremamente adoecedora. Isso tem levado a categoria bancária ao limite e está sendo expresso pelos altos índices de bancárias e bancários com doenças e afastamentos ligados ao trabalho. Isso escancara que mudanças profundas precisam ser promovidas pelos bancos, com foco na saúde física e mental e valorização dos empregados e com ambientes de trabalho dignos, porque o empenho e compromisso são expressos diariamente e ainda pelos lucros bilionários obtidos pelos bancos”, afirma.

“A pressão para venda de produtos desnecessários também descaracteriza a função social da Caixa, que é um banco público e de desenvolvimento social. A Caixa deve funcionar para a população acessar serviços e direitos essenciais e fomentar o desenvolvimento econômico do país. Essas são as verdadeiras funções dos bancos públicos”, reforça Selim.

Com informações Fenae